A importância da prática de yoga durante a quarentena
- Pablo Mingoti
- 21 de mai. de 2020
- 6 min de leitura
Entrevistamos a instrutora de yoga, Maria Tereza Bedin, que ofereceu algumas dicas para a prática da atividade em casa

Uma prática que tem crescido bastante em tempos de quarentena é o yoga,atividade que consiste em trabalhar o corpo e a mente auxiliando no controle do estresse, ansiedade, dores no corpo e na coluna, além de melhorar o equilíbrio e promover a sensação de bem estar. Muitas pessoas estão praticando por conta própria, em casa, mas é preciso estar atento para receber uma adequada instrução, se possível, com auxílio de um profissional.
Segundo, a instrutora de yoga, Maria Tereza Bedin, o yoga é importante para a vida, não somente durante a quarentena, pois através dos asanas (posturas) as pessoas são capazes de aquietar o corpo "Somente um corpo quieto é capaz de promover uma mente quieta", explica ela. Aliado ao Yoga, existem etapas de meditação que, para a instrutora, é a hora de atingir pequenos momentos de paz através da respiração consciente e atenção plena ao corpo. Nessa postagem, nós entrevistamos Maria Tereza para tirar algumas dúvidas dessa prática que vem sendo procurada nos dias atuais como uma forma de amenizar as ansiedades que o distanciamento social provoca.
Antes de iniciarmos com as dicas, a instrutora de yoga destacou que existem diversos estilos ou prática de yoga que devem ser estudados com cautela e aprofundamento. O Hatha Yoga é o estilo mais antigo e clássico de todos e que pode ser dividido em Raja Yoga, Bhakti Yoga
Dhyana Yoga, Kundalini Yoga, Krya Yoga, Ashatanga Yoga, Hot Yoga, Yin Yoga...

O que é preciso para praticar o yoga em casa
Maria Tereza Bedin: Ouvi certa vez de uma professora indiana que, “para praticar yoga, basta respirar”. Passou a ser uma verdade em minha vida e que gosto muito de colocar em prática.O ideal é que tenhamos um mat (tapete de yoga) que seja confortável e não escorregue. Também indico que tente praticar sempre no mesmo local e horário, pois isso irá facilitar bastante, uma vez que será possível manter a consistência na prática, e por último, porém não menos importante, que o faça com acompanhamento de um instrutor responsável e que tenha conhecimento da prática e anatomia humana.
Hoje, devido ao momento que estamos vivendo, vejo excelentes professores que nunca haviam feito uma aula online, se reinventando e mantendo a prática dos seus alunos através das ferramentas digitais. Posso afirmar com toda certeza que não é fácil, pois nada substitui o sentir, olhar o aluno de perto, perceber sua respiração entre uma postura e outra. Entretanto, acredito que a flexibilidade que tanto procuramos através da prática, deve se estender principalmente à nossa mente e a maneira como enxergarmos o mundo e o nosso momento atual".
A importância de fixar um horário
Maria Tereza Bedin: Acredito ser fundamental, a fixação de um horário, pois nosso corpo trabalha muito melhor quando ele sabe o que precisa ser feito e isso interfere diretamente na nossa disciplina, fator fundamental para o sucesso de qualquer atividade ou prática diária. Com o tempo, vai acontecer de não estarmos motivados todos os dias e é aí que a disciplina entra com tudo, fazendo com que a gente abra nosso tapete de forma quase que automática e faça nossa prática.

Quais os movimentos e respirações para iniciantes
Maria Tereza Bedin: Começar com o básico nos ajuda a entender o funcionamento do nosso corpo e perceber melhor nossa respiração, e o quanto ela é responsável por comandar nossas rotinas diárias. O grande mestre Iyengar disse certa vez que “a respiração é o mestre da mente e a mente é o mestre do corpo”. Por isso devemos iniciar nossa prática sempre pela respiração consciente. Movimentar o corpo aos poucos, deixando a prática fluir livremente, faz com que o progresso aconteça de forma mais leve.
Dicas para iniciar o yoga em casa
Maria Tereza Bedin: Vá com calma, sempre respeitando os limites do seu corpo, pois isso será fundamental para que permaneça na prática. Apesar das adversidades do momento em que estamos vivendo, procure um bom instrutor, mesmo que seja online, e faça sua prática com o acompanhamento adequado. Assim que tudo isso passar, procure uma escola que lhe dê suporte através do olhar de um professor, pois nada substitui a presença e o toque que temos em sala.
Os erros mais comuns de quem pratica em casa
Maria Tereza Bedin: Acredito que o erro mais comum seja tentar começar pelo mais “mirabolante ou mais elaborado”, ou seja, tentar fazer aquelas poses que a gente vê na internet e parecem mais ser coisas de circo do que yoga, sendo que ambas são resultado de um trabalho diário de alguns bons anos. Afinal, até o melhor acrobata ou professor de yoga, começou sua prática aprendendo a respirar. Sentar-se de maneira confortável, manter a coluna ereta e tentar apenas sentir a respiração, deveria ser sempre o primeiro passo para a prática de yoga.
Outro erro é desistir porque simplesmente não conseguiu colocar o pé atrás da cabeça com um mês de prática diária em casa. Acredite, leva muito mais tempo do que isso e pode ser que talvez, mas somente talvez, isso nunca aconteça. E está tudo bem, pois yoga é muito mais do que colocar o pé atrás da cabeça. Por isso, insista na prática com amorosidade e respeito pelo seu corpo que as coisas irão acontecer.
Os cuidados ao consumir conteúdos na internet
Maria Tereza Bedin: Como mencionei anteriormente, acredito que o melhor conteúdo vem através de um instrutor qualificado e que possa te acompanhar pessoalmente, pois no yoga, assim como em qualquer outra atividade física, devemos antes de mais nada respeitar e trabalhar com as individualidades de cada pessoa. Entendo que nesse momento seja mais complicado esse acompanhamento, especialmente para aqueles que nunca praticaram ou tiveram algum contato com o yoga, sendo assim, aconselho que tentem entrar em contato direto com alguma professor local e alinhem seus interesses para que possam dar início à uma prática segura.
A prática e o estudo para se conectar com o Yoga

Maria Tereza Bedin, nasceu na cidade de Pato Branco, no Paraná, mas ela cresceu no Mato Grosso, onde foi morar com apenas um ano de idade. Lá, ela teve o primeiro contato com a prática do yoga, mas foi em 2009, quando se mudou para Florianópolis, que Maria se aprofundou na prática e leva a atividade como um estilo de vida.
"Logo no início me apaixonei pela prática e a sensação de bem estar que ela havia me proporcionado, algo diferente de qualquer outra atividade física que já tivera praticado. Foi justamente essa paixão e bem estar (aliados ao fato de que eu realmente estava cansada de trabalhar com gastronomia, minha área de atuação ate então) que me levaram a buscar meu primeiro curso de formação. Foi assim que conheci a montanha encantada, em Garopaba, onde fiz minha primeira imersão na prática, pela Yoga Alliance Brasil, com especialização e aprofundamento em Hatha Yoga, seguida da yoga integrativa baseada em movimentos somáticos, que são posturas de yoga feitas de forma mais lenta e sutil", conta.
Desde então, Maria não parou mais de praticar e estudar, pois acredita que não deve ensinar aquilo que não pratica e sente em seu próprio corpo. Foram muitas formações e especializações na área, inclusive na parte de anatomia, que foram fundamentais para a formação de um bom instrutor. "As aulas e o dia a dia vão nos mostrando que, apesar da prática ser para TODOS, cada um de nós possui suas particularidades e é de extrema importância sabermos adaptar as posturas para cada tipo de corpo e a realidade de cada um", explica.
Por algum tempo, ela atuou como instrutora de Hatha Yoga, até conhecer a prática do Yin Yoga, uma modalidade mais suave que trabalha com a permanência nas posturas, possuindo um menor número de posturas do que as praticas Yang, que são mais fortes e com mais movimento. "E assim descobri uma nova paixão, que veio não apenas para complementar a minha rotina de prática e atividade física, mas também para me mostrar um outro lado do yoga que até então eu desconhecia. Nasceu aí um novo amor, que me levou a buscar mais um formação, agora em Yin Yoga, modalidade que já coloquei em prática na minha vida e nas minhas aulas", relembra.
Paralelo a tudo isso, Maria descobriu a Ashatnga Yoga, uma prática forte e intensa que aliado ao Vinyasa, união do movimento com a respiração e que produz muito calor e suor, são capazes de promover uma limpeza profunda no corpo físico, até atingir o mais sutil. Essa prática se tornou a terceira paixão dela dentro desse mundo do yoga.
"Há quem diga que só é possível praticar e gostar de uma modalidade de yoga, mas eu discordo. Acredito que a prática deve tocar nossas vidas de alguma maneira, e isso torna o yoga algo tão especial e profundo, pois cada praticante sentirá algo diferente ao desenrolar seu tapete. Hoje, mais do nunca, percebo e sinto o quanto é importante respeitar nosso tempo, o tempo do nosso corpo, mente e respiração. Esses três pilares do yoga devem ser observados com muito carinho e amorosidade, pois somente assim a prática fluirá livremente', conclui.
Saiba Mais
Para acompanhar o trabalho da Maria Tereza, basta segui-la no Instagram. Algumas das fotos presentes nessa matéria foram tiradas por Vanessa Jesus e @StewnsonCrippa.
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