Aprendizados e experiências com a Ginástica Rítmica
- Pablo Mingoti
- 4 de jun. de 2020
- 7 min de leitura
Nickolle abreu coleciona histórias com o esporte e hoje atua na companhia de circo Circocan

Nickolle Carolina de Abreu Mello e Cruz começou a paixão por esportes quando era pequena e foi com 12 anos que ela iniciou na ginástica rítmica. Com o passar do tempo, Nickolle foi se aperfeiçoando chegando a compor equipe da Seleção Brasileira, foram muitas competições. Hoje, a ginasta faz parte da equipe do Circocan ao lado do marido, Pedro Mello e Cruz. Ela atua como professora, coreógrafa, Diretora da CIA Artística e artista.
Recentemente, Nickolle está comandando aulas online nas redes sociais do Circocan que tem atraído cada vez mais alunos. A história da ginasta tem muitas experiências e aprendizados que serão contadas na entrevista que o Esportes Floripa fez com ela. Confira abaixo:

Quando começou a sua relação com esportes?
Nickolle Abreu: Desde pequena fui muito estimulada pela minha família à prática esportiva e atividades físicas em geral, e mais especificamente a dança que praticava desde que me conheço por gente. Lembro de ser uma criança que tinha um brilho no olhar quando se tratava de esportes, tanto que minha disciplina favorita na escola, além da matemática, era educação física.
E quando e por qual motivo iniciou a sua paixão pela ginástica rítmica?
Nickolle Abreu: A ginástica rítmica entrou na minha história um pouco tarde. Foi mudando de escola, aos 12 anos, que tive o primeiro contato visual e experimental com essa atividade. E aí não teve jeito... Foi paixão à primeira vista (literalmente).
Ficava vendo as meninas do alto rendimento treinarem e imitando as coreografias que treinavam incessantemente na arquibancada do ginásio do IEE. Foi ali que meu primeiro grande sonho começou, e graças à oportunidade que a técnica Maria Helena Kraeski me deu naquela época, eu pude agarrar essa oportunidade e então a trilhar meus passos dentro do esporte.

Quais conquistas com a ginástica rítmica você já obteve?
Nickolle Abreu: Falando em títulos com a minha equipe de Florianópolis, já fomos diversas vezes campeãs gerais dos Jogos Abertos de Santa Catarina, e subimos algumas vezes ao pódio em competições nacionais de conjuntos. Fui convocada no ano de 2005 para compor à seleção Brasileira de Conjuntos e lá permaneci até o ano de 2008. Junto à seleção, fomos campeãs Sul Americanas no ano de 2006 e pude participar de grandes competições Internacionais representando o Brasil, como o Mundial de 2005 no Azerbaijão.
Tive um período de pausa da ginástica (mais precisamente 7 anos) e quando retornei além de mais títulos junto à minha equipe de Florianópolis, fui novamente convocada para representar o Brasil. Só que desta vez na modalidade individual e para competir na Universidade, em Taiwan.
E qual vai ficar mais marcada na lembrança?
Nickolle Abreu: É complicado responder essa pergunta sobre conquistas e qual teria me marcado mais, pois pra mim essa resposta iria definitivamente além dos meus pódios, medalhas ou rankings nacionais e internacionais. O fato de eu não ter chegado a ir para as Olimpíadas de Pequim ao final do meu ciclo dentro da seleção brasileira, marcou muito a minha história. E jamais num aspecto negativo. Me fez rever minha trajetória, levantar a cabeça e ressignificar tudo o que eu havia trilhado até ali.
Junto com essa experiência, todas as demais competições que participei após o meu retorno no ano de 2015 foram muito marcantes, especialmente por nesse período, termos começado a trabalhar e treinar a questão psicológica dentro da rotina de treinos e isso ter sido um divisor de águas na minha carreira. Senti que de fato eu estava amadurecendo e aproveitando muito mais a minha relação com o esporte e os meus objetivos, meu papel como atleta e o lidar com questões como saber ganhar e perder, e minha importância dentro da equipe. Essa oportunidade de retornar e reviver a Ginástica com uma abordagem diferente do que havia vivenciado antes me marcou para a vida toda.
Fale sobre a sua relação com o Circocan e qual é a sua função lá?
Nickolle Abreu: Conheci o Circocan no ano de 2014, quando morava em Belo Horizonte e estava passando as minhas férias de verão aqui em Floripa. Desde o primeiro contato, numa aula de CircoFitness, me surpreendi com a excelência do conteúdo aplicado nas aulas e de seus professores, vi diferentes possibilidades que o circo oferecia em termos de desafios físicos e mentais e enxerguei nesta atividade uma grande possibilidade de unir os conhecimentos e vivências que tinha adquirido ao longo da minha vida com o esporte e a dança.
Fui desde então, estreitando minhas relações com a escola e a equipe, me mudei pra Florianópolis e demonstrei meu interesse em me unir de fato a esse universo. Foi tudo muito rápido e quando vi já estava “fugindo com o circo” pro meu primeiro contrato Internacional num acampamento de verão em Maine, nos Estados Unidos. O qual eu passaria dois meses dando aula de circo pra mais de 200 crianças.
Atualmente atuo como professora, coreógrafa, Diretora da CIA Artística e também como artista. E este ano, se tudo der certo com a nossa ida, estarei indo pra minha sétima temporada no Summer Camp, em Maine. Junto com o Pedro, diretor da escola, e todo o time do Circocan de Florianópolis e Curitiba, temos concretizado diversos projetos e sonhos com o Circocan. Nossa equipe está crescendo ainda mais e com isso o grande objetivo de espalhar essa arte e fazer com que mais pessoas pratiquem a atividade nas nossas cidades, no Brasil e mundo a fora.
O Circocan está fazendo lives no Youtube com dicas de treinos/alongamentos em casa. Conte como está sendo essa experiência?
Nickolle Abreu: Toda essa experiência de dar aulas remotamente veio com a surpresa da pandemia e todas as medidas de precaução que precisaram ser tomadas juntamente com o isolamento social. Nossa escola fechou no dia 17 de março e no mesmo dia demos nossa primeira aula transmitida numa live pelo Instagram. Tudo num contexto meio incerto... Se aquela medida que até então era vista como provisória duraria apenas duas semanas ou se precisaríamos nos organizar melhor caso tudo aquilo se perdurasse.
E foi o que aconteceu. Na medida que os novos decretos foram saindo, íamos consolidando toda a ideia das aulas online. Quebramos parede aqui em casa, construímos um estúdio, partimos pra uma organização mais focada das aulas, abordagens e conteúdos e nos apropriamos dessa nova realidade. Esse modelo de aula, que já havia passado em nossas mentes por diversas vezes, nunca pareceu nos convencer quanto à sua necessidade ou qual seria a melhor forma de realizá-la. Foi numa necessidade generalizada que nos adaptamos e fomos nos moldando com o que tínhamos.
Certamente toda a experiências que havíamos desenvolvido até ali com nossos alunos,presenciais dentro da escola, nas experiências de workshops nacionais e internacionais, nos deram bagagem e confiança suficientes pra lidar com a diversa gama de pessoas que hoje atingimos nesse formato online.Cada dia tem sido um aprendizado novo. A relação com a tecnologia precisou se estreitar um pouco mais para que o conteúdo oferecido nas aulas pudesse de fato chegar aos alunos. A elaboração de aulas que pudessem ser feitas com segurança e sem precisar especificamente ter um aparelho de circo (um tecido, um trapézio e etc) precisou também de uma atenção redobrada.
Sentimos falta do calor do ginásio, do contato presencial e das possibilidades que uma estrutura física construída especificamente para a realização dos nossos treinos pode nos oferecer. Ainda assim, temos tentado ao máximo enxergar este contexto como algo que nos permitiu seguir como parte do nosso objetivo. Transmitir o nosso conhecimento prezando pela qualidade e possibilitar a prática do circo ao maior número de pessoas possível.
Que dicas você oferece para quem está treinando em casa?
Nickolle Abreu: Não ter uma estrutura adequada, um professor disponível e um ambiente propício para treinos de fato pode ser desmotivador, mas quando nos deparamos com a real importância da prática de um exercício físico, principalmente para encararmos mental e fisicamente este contexto que estamos passando, já é um bom começo.
Perceber também qual tipo de atividade se adequá melhor ao meu corpo e me motiva a aprender pode ser essencial... Temos relatos de pessoas que nunca tinham praticado circo antes, e com as aulas online encontraram uma atividade que os motiva a se movimentar e aprender coisas novas.
Outra coisa, seria criar uma pequena rotina semanal dessa prática. Dessa forma, o corpo consegue reagir de maneira mais constante e consolidada aos estímulos dados nos treinos e sentir a melhora de alguns aspectos físicos. Temos muitos relatos de melhora na disposição, aumento de força, de ganho de mobilidade, diminuição de dores daqueles que estão enfrentando o Home Office e passam horas sentados trabalhando, entre outros.
E por fim, diria que principalmente por não podermos dar essa assistência presencial, é importante que haja uma maior escuta com seu próprio corpo. Vejo que o ato de se movimentar também é sobre o processo autoconhecimento e essa escuta pode ser exercitada de algumas formas. Como por exemplo, conhecer e entender suas limitações, saber o momento de descansar, a hora de praticar e quando intensificar o processo.
O que o esporte significa para você?
Nickolle Abreu: O esporte tem uma grande representatividade na minha formação como ser humano, no meu papel na sociedade e como eu lido com minhas relações e o meu futuro. Ou seja, muitíssimo importante. Sou grata por ter tido àquela primeira oportunidade que me foi concedida e tantas outras ao longo da minha trajetória. Grata por terem me ensinado a andar com minhas próprias pernas e dessa forma ter tido o privilégio de inspirar outras atletas que vieram depois de mim.
Tive na ginástica, grandes relações de amizades, profissionais e familiares. Muitas colegas de equipe, colegas que viraram irmãs e amigas para uma vida toda. Trabalhei com profissionais de ponta e pessoas que foram e ainda são fonte de inspiração. Quero trazer o nome da Maria Helena Kraeski novamente, pois foi através dela que aprendi muito do que sou, nela eu me inspiro e carrego tanto de cada ensinamento que vivi dentro e fora do nosso ginásio.
Por fim, foi na minha trajetória como atleta que entendi o que é trabalhar com excelência, dando o melhor de si dentro das minhas condições e desenvolvi ferramentas que me deram confiança pra arriscar, errar, cair e levantar sempre.
Saiba mais
Para acompanhar mais a trajetória da Nickolle acompanhe ela no Instagram. Se você deseja saber mais sobre a companhia de circo, é só entrar no site do Circocan e se quiser ver incríveis vídeos e fotos, é só seguir o perfil no Instagram.
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